Da minha casa ouvem-se os pássaros

Já não vinha aqui há anos, à minha casa do campo, mas hoje, num dia quente de verão, voltei. Sozinha. A casa tinha-me recebido em silêncio, com aquele cheiro inconfundível a madeira antiga, a tempo passado. Tinha feito o reconhecimento habitual do espaço: abri as janelas, deixei entrar o ar, sacudi lençóis e arrumei a mochila que trouxe. Depois vim descansar cá para fora, pois, desde pequena que o alpendre era o meu lugar preferido.
Foi ali que, finalmente, tirei os sapatos. O quente da madeira contra os pés soube-me bem. Puxei uma das cadeiras, que rangeu ligeiramente quando me sentei, e cruzei as pernas, deixando o vestido que trazia cair para o chão e ajeitei o chapéu, porque o sol, mesmo filtrado pelas folhas da ramada de videira, ainda me queimava a pele.
Apoiei os braços na mesa de madeira, rugosa e marcada pelo tempo, e segurei a cabeça por entre as mãos. Respirei fundo e observei. À minha volta tudo era vida.
Da minha casa ouvem-se os passarinhos. Saltitam de árvore em árvore, de galho em galho, a brincar entre si como se estivessem num jogo que só eles entendem. Cada chilreio parecia ter uma intenção, uma resposta, uma pergunta. Formavam a banda sonora perfeita deste regresso. Ao fundo, os zumbidos das cigarras completavam a sinfonia —como se me lembrassem que sim, era verão.
As flores silvestres, que teimam em crescer onde bem entendem, balançavam ao sabor de uma brisa que soprava suavemente. Duas abelhas pousavam nelas, como se as tivessem a beijar. As folhas da ramada soltavam-se devagar, planando no ar, pousando sem pressa no chão poeirento.
O limoeiro, grande e inclinado para o lado do poço, estava carregado de frutos. Limões grandes, brilhantes, quase dourados. Estava tão cheio que alguns já tinham caído, formando uma mancha amarela no chão. O seu aroma pairava no ar — fresco, cítrico, quase viciante — e misturava-se com o cheiro da terra quente e das ervas aromáticas, que deviam estar ali por perto. Senti-o, tal como sentia o calor do sol que conseguia penetrar pelas folhas da ramada. Os primeiros cachos de uvas surgiam já da videira, pequenos e verdes, como se fossem promessas prestes a serem cumpridas.
Sobre o velho poço de pedra, estava pousada uma cesta de madeira. Tão usada, tão antiga. Deixada ali como se ainda ontem alguém a tivesse trazido da horta. Lembrei-me das manhãs em que a pendurava no braço, de chapéu de palha e pés descalços, e saía à procura dos figos mais doces, das amoras escondidas, das flores que trazia para dentro de casa só porque sim.
As borboletas apareceram como se estivesse a haver uma festa. Voavam aos pares, em círculos e espirais, numa dança especial feita só para mim. E eu estava ali, inteira naquele instante. Sem pressas. Sem ruídos.
Desliguei o telemóvel sem pensar. Não queria nada me tirasse deste estado de espírito. Queria ficar, aqui, agora. Passado uns minutos levantei-me devagar e fui até à casa, só por um instante. Entrei pela porta da frente, e logo o fresco do interior me envolveu. Fui direta à estante baixa junto à lareira. E lá estava ele, de onde nunca saiu: o tubo do puzzle.
Peguei nele, sacudindo a poeira com os dedos, e regressei ao alpendre com um grande entusiamo no peito. Sentei-me de novo, abri o tubo e deixei cair as peças sobre a mesa. Coloridas, pequenas, familiares. Um puzzle de pássaros. Lindíssimo.
Agora, não apenas os ouvia, mas também os via, nas peças que começava a organizar, nos contornos que tomavam forma, nas penas que começavam a ganhar movimento.
Passei assim a tarde, de pés descalços e alma leve. Os pássaros cantavam, as folhas dançavam, as borboletas rodopiavam. E eu, ali no alpendre da minha infância, sentia-me inteira, em paz e finalmente presente.
Puzzles Cavallini
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Produzidos com materiais de alta qualidade, os puzzles da Cavallini oferecem peças resistentes, com encaixe suave e preciso. Depois de montados, muitos são tão bonitos que podem até ser emoldurados, servindo como peças decorativas cheias de personalidade.
Cada puzzle é pensado com cuidado, unindo diversão, beleza e uma experiência relaxante — uma forma única de cuidar da mente enquanto se aprecia a arte em cada detalhe.





