O Chá das Novidades


Naquela tarde, o sol entrava tímido pela janela da cozinha, desenhando pequenos quadrados dourados no chão. Eu olhava para o relógio, faltava pouco para as cinco. Tinha o coração acelerado, mas tentei concentrar-me no som da chaleira a ferver.

Peguei nas minhas duas canecas favoritas, uma com desenhos de livros e outra com borboletas, e enchi-as com o chá de camomila. Só de sentir o aroma, já me sentia um bocadinho mais tranquila. Coloquei também umas bolachinhas num prato e respirei fundo. Estava tudo pronto.

O telemóvel vibrou.
— Estou a estacionar! — disse a voz da Júlia, cheia de energia, como sempre.
— Perfeito, sobe! Já abri a porta do prédio, estou à tua espera! — respondi, tentando disfarçar o nervosismo.

Poucos minutos depois, ouvi o toque da campainha. Quando abri a porta, lá estava ela, de sorriso aberto, cachecol enrolado ao pescoço e um brilho nos olhos.
— Olááá! — exclamou, abraçando-me. — Que cheirinho bom! Chá de camomila?
— Claro! Sabes que é o meu preferido. Vá, entra, senta-te. Tenho mesmo algo para te contar.

Ela sentou-se à mesa e olhou curiosa para mim.
— Ui, isso soa a conversa séria... aconteceu alguma coisa?
— Mais ou menos — disse eu, tentando não rir. — Mas primeiro senta-te e deixa-me servir-te um pouco de chá para estarmos mais aconchegadas!

Ela pegou na caneca, ainda quente, e quando a levantou, uma pequena fotografia deslizou por baixo. Ficou a olhar para aquilo durante uns segundos, franzindo o sobrolho. Depois, quando percebeu, os olhos dela abriram-se de espanto.
— Não acredito... isto é... uma ecografia?!
Assenti, sem conseguir conter o sorriso.
— É, Júlia. Estou grávida.

Ela largou a caneca na mesa e levantou-se num salto, abraçando-me com força.
— Ai meu Deus, parabéns! Que felicidade! — dizia ela, emocionada. — Estou tão, tão contente por ti!

Ficámos assim um instante, abraçadas, e senti o nó no meu peito começar a desfazer-se.
— Confesso que andava nervosa — murmurei. — Tenho andado tensa, com medo do que aí vem. Tudo vai mudar...
Ela sentou-se novamente e pousou a mão sobre a minha.
— É normal. Eu senti o mesmo. É assustador, sim, mas também é das melhores coisas do mundo.

Sorri, e ela começou a contar-me da primeira vez que soube que estava grávida. Falou dos medos, das noites sem dormir, mas também das primeiras gargalhadas, dos abraços pequeninos, das pequenas vitórias do dia a dia. Eu ouvia cada palavra como quem bebe um remédio para a alma.

— Vais ver — disse ela, pegando novamente na caneca —, vais descobrir uma força em ti que nem sabias que tinhas. E não estás sozinha, estou aqui para tudo, ouviste?
— Ouvi, sim — respondi, emocionada.

A cada gole de chá sentia-me mais calma, mais presente. O sabor suave da camomila e a voz serena da Júlia pareciam envolver-me numa manta quente.

De repente, ela ergueu a caneca e riu-se:
— Olha, eu sei que não se brinda com canecas...
— Mas hoje é exceção! — interrompi, levantando também a minha.

Tocámos as canecas com um pequeno tilintar, cúmplices, a rir como duas miúdas.
— Ao novo capítulo — disse ela.
— E à melhor amiga do mundo — respondi.

O chá podia já estar morno, mas naquele momento, o coração estava cheio e quente.


Canecas Vintage


As canecas de cerâmica da Cavallini são ideais para quem aprecia um estilo vintage aliado à elegância no quotidiano. Produzidas em cerâmica de elevada qualidade, cada peça apresenta ilustrações exclusivas, inspiradas nos arquivos históricos da marca. Mais do que simples objetos de uso diário, estas canecas transformam qualquer pausa num momento especial, graças aos seus desenhos detalhados e cheios de nostalgia.

Perfeitas para acompanhar o café da manhã ou um chá tranquilo ao fim da tarde, unem autenticidade e bom gosto. A coleção abrange diferentes temas desde motivos botânicos a vida selvagem e artes clássicas, todos impressos com precisão para garantir beleza e durabilidade ao longo do tempo.

Com uma capacidade de 414 ml, as canecas Cavallini são apresentadas numa elegante caixa de recordação, tornando-as também uma excelente opção para presente. Uma escolha encantadora para quem valoriza objetos únicos e deseja adicionar um toque de charme e personalidade ao seu dia.


1 de outubro de 2025
Um caderno que eu amei, de capa rígida, com umas cores meio desbotadas que hoje chamaria de “vintage”. Nele, eu escrevia tudo: como era o meu dia, as conversas engraçadas com os enfermeiros, os desenhos das plantas que via pela janela e até listas dos meus músicos favoritos, organizados por ordem de preferência.
24 de setembro de 2025
Era como se aquele simples póster fosse uma ponte para o meu passado, para a criança que eu fora, cheia de curiosidade e entusiasmo, sem preocupações para além do recreio e da próxima história que a professora ia ler-nos em voz alta. Pedi à professora para tirarmos uma fotografia juntas, ali mesmo, ao lado do póster.
17 de setembro de 2025
No dia seguinte, depois do trabalho, passei por uma pequena loja de antiguidades no centro da cidade. Entre móveis gastos e livros empoeirados, encontrei o que me pareceu um tesouro: um puzzle vintage do esqueleto humano.. Senti que aquilo podia ser a chave.
10 de setembro de 2025
O nosso primeiro beijo nasceu ali, na cozinha, entre o aroma de vinho branco a evaporar na frigideira, o tilintar distante de uma colher esquecida no balcão, e um avental com cogumelos que parecia ter sido feito de propósito para aquele momento. Foi doce, inesperado e absolutamente inevitável.
3 de setembro de 2025
Ainda hoje guardo aquela caixa metálica, cheia de lápis bonitos, não só como recordação de um objeto útil, mas como símbolo do início de uma nova fase da minha vida.
27 de agosto de 2025
Anos mais tarde, caminhando pela cidade, passei por uma loja vintage e, por acaso, reparei numa toalha na montra, era igual à da Mariana, o que me fez lembrar imediatamente daquela tarde de despedida. Todas as memórias vieram à tona, como se nunca tivessem partido.
20 de agosto de 2025
Continuei a minha viagem. Visitei cidades com nomes que nunca tinha ouvido, comi sozinha em esplanadas, andei perdida, dancei numa praça sem música, mergulhei num lago gelado, chorei sozinha num comboio e em cada lugar que me tocou, tirei da mochila um dos postais. Escrevi. Coisas pequenas.
13 de agosto de 2025
Hoje, o caderno da Matilde está guardado na minha mesa de cabeceira. Às vezes abro-o, quando me sinto longe de mim. Quando esqueço quem fui naquele verão. E cada vez que o leio, lembro-me: fomos felizes ali.
6 de agosto de 2025
E, às vezes, ainda volto a abrir a caixa onde guardei as notas aderentes daquele verão. Só para me lembrar do que sou e do que a minha mãe me ensinou, com um gesto simples e um coração cheio.
30 de julho de 2025
Quando me deitei, encontrei um postal debaixo da almofada. Era de um papel espesso, com um toque suave, como os de antigamente, com várias borboletas desenhadas em tons suaves de azul e dourado, quase a esvoaçar para fora da página. Tinha um aspeto antigo, mas lindíssimo, como se tivesse atravessado décadas só para me
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