Uma nota especial para ti

Era a terceira noite consecutiva desta semana que fazia o turno da noite. Há cerca de 4 anos que trabalho como enfermeira num hospital, em Lisboa, e há 3 que compartilho a minha vida com o meu namorado, Pedro.


Desde criança que sonhava ser enfermeira e, apesar de ser uma profissão bastante exigente física e psicologicamente, sinto-me profundamente realizada ao exercê-la. O Pedro tornou-se também ele um sonho quando me deu a oportunidade de partilhar a vida com ele. O seu jeito leve e meigo de levar a vida dá aconchego aos dias em que chego a casa exausta do trabalho e só preciso do seu abraço. Também ele é apaixonado pelo que faz, e por isso vive enfiado no escritório de arquitetura onde trabalha.


Relembro, com nostalgia, as noites onde jogávamos conversa fora, sobre tudo e sobre nada. Noites essas que alimentavam as nossas almas e faziam jorrar as fontes do nosso amor, conectando-nos a um nível profundo. 

Apesar das circunstâncias atuais, o amor permanece intacto como sempre, apenas precisa de ser regado. E vou começar a fazê-lo já hoje. Pego numa caneta e numa linda nota adesiva, de um kit maravilhoso que ele um dia me ofereceu, e escrevi: “Que o teu dia tenha sido tão incrível quanto tu! Amo-te” e colei-a rapidamente no frigorífico.


Nos dias que se seguiram, as notas adesivas tornaram-se uma parte constante nas nossas vidas. O Pedro retribuiu o gesto, escrevendo também ele pequenos poemas que me alegravam o meu coração só de ler.

Todas as manhãs corria para o frigorífico para ver qual seria a mensagem do dia, segurando-a durante uns segundos junto ao coração e colocando-a depois na mala para a reler nas pausas do trabalho, entre consultas e utentes.


Este gesto, tão simples, mas tão belo tornou-se um verdadeiro instrumento de partilha de sentimentos e momentos do dia-a-dia que, de outra forma, passariam despercebidos. Mesmo sem nos vermos, sentíamo-nos próximos um do outro através destas carinhosas palavras.


Foi então que, na sexta, quando peguei na nota adesiva do dia, leio a seguinte mensagem: “Surpresa! Tirei o dia de folga para poder aproveitá-lo contigo! Vem ter comigo à nossa pastelaria favorita, estou lá à tua espera”. Ao ler esta nota senti uma onda de felicidade tomar conta do meu corpo, já que hoje era também o meu dia de folga. Finalmente, um dia inteiro só para nós, pensei.


Apressei-me para a pastelaria e recebi-o com o abraço mais apertado que consegui dar. O dia foi preenchido por muitas risadas, conversas, mimos e a apreciar simplesmente a companhia um do outro.


Com o passar do tempo, estas notas adesivas tornaram-se mais do que simples mensagens, mas sim lembranças tangíveis do amor que compartilhávamos um pelo outro e a porta do frigorífico a entrada para ele.

Importância de demonstrarmos os nossos sentimentos


Demonstrar os nossos sentimentos é essencial para a nossa saúde mental e para o bem-estar das nossas relações pessoais. A expressão dos sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, traz uma série de benefícios que influenciam a nossa vida de várias formas. Aqui estão algumas razões pelas quais é importante demonstrarmos os nossos sentimentos:


Fortalecimento dos relacionamentos

Quando expressamos os nossos sentimentos, criamos uma base de honestidade e transparência para com as pessoas que nos são importantes. Num relacionamento amoroso, por exemplo, verbalizar o quanto se gosta da outra pessoa ou mostrar gratidão, pode reforçar os laços emocionais e aumentar a confiança mútua. Uma comunicação mais aberta permite que os parceiros entendam melhor as suas necessidades e desejos um do outro, promovendo um relacionamento mais forte e saudável.


Promove a Saúde Mental

Camuflar ou ignorar emoções pode levar a estados de ansiedade ou depressão. Quando expressamos livremente os nossos sentimentos, libertamo-nos de tensões internas e evitamos o acúmulo de emoções negativas. Falar sobre as nossas preocupações e medos com alguém de confiança pode proporcionar alívio e maior clareza, ajudando-nos a lidar melhor com os desafios emocionais.


Facilita a Resolução de Conflitos

Uma comunicação clara, aberta e respeitosa é chave para a resolução de conflitos que possam existir. Expressar como nos sentimos sobre uma situação em específico permite que os outros compreendam o nosso ponto de vista e respondam de maneira mais empática. Essa atitude evita mal-entendidos e promove um ambiente onde as diferenças podem ser discutidas e resolvidas de forma construtiva.


Desenvolve o nosso autoconhecimento

Expressar os nossos sentimentos ajuda-nos a entender-nos melhor, permitindo-nos refletir acerca de como nos sentimos em diferentes situações, o que pode levar à quebra de padrões comportamentais em áreas onde precisamos de amadurecer. Esse autoconhecimento é essencial para o nosso desenvolvimento pessoal e para tomarmos decisões mais conscientes e alinhadas com os nossos valores e necessidades.


Demonstrar os nossos sentimentos é essencial e conecta-nos com o nosso lado mais humano, que tantas vezes é deixado de lado. Ao expressar os nossos sentimentos, não apenas melhoramos a nossa qualidade de vida, como também incentivamos os outros a fazer o mesmo, criando uma rede de apoio e empatia que nos enriquece mutuamente.

Expresse os seus sentimentos livremente e sem receios. 

10 de setembro de 2025
O nosso primeiro beijo nasceu ali, na cozinha, entre o aroma de vinho branco a evaporar na frigideira, o tilintar distante de uma colher esquecida no balcão, e um avental com cogumelos que parecia ter sido feito de propósito para aquele momento. Foi doce, inesperado e absolutamente inevitável.
3 de setembro de 2025
Ainda hoje guardo aquela caixa metálica, cheia de lápis bonitos, não só como recordação de um objeto útil, mas como símbolo do início de uma nova fase da minha vida.
27 de agosto de 2025
Anos mais tarde, caminhando pela cidade, passei por uma loja vintage e, por acaso, reparei numa toalha na montra, era igual à da Mariana, o que me fez lembrar imediatamente daquela tarde de despedida. Todas as memórias vieram à tona, como se nunca tivessem partido.
20 de agosto de 2025
Continuei a minha viagem. Visitei cidades com nomes que nunca tinha ouvido, comi sozinha em esplanadas, andei perdida, dancei numa praça sem música, mergulhei num lago gelado, chorei sozinha num comboio e em cada lugar que me tocou, tirei da mochila um dos postais. Escrevi. Coisas pequenas.
13 de agosto de 2025
Hoje, o caderno da Matilde está guardado na minha mesa de cabeceira. Às vezes abro-o, quando me sinto longe de mim. Quando esqueço quem fui naquele verão. E cada vez que o leio, lembro-me: fomos felizes ali.
6 de agosto de 2025
E, às vezes, ainda volto a abrir a caixa onde guardei as notas aderentes daquele verão. Só para me lembrar do que sou e do que a minha mãe me ensinou, com um gesto simples e um coração cheio.
30 de julho de 2025
Quando me deitei, encontrei um postal debaixo da almofada. Era de um papel espesso, com um toque suave, como os de antigamente, com várias borboletas desenhadas em tons suaves de azul e dourado, quase a esvoaçar para fora da página. Tinha um aspeto antigo, mas lindíssimo, como se tivesse atravessado décadas só para me
23 de julho de 2025
Desfez o laço com uma curiosidade quase infantil e retirou um tubo redondo. Quando viu o que era, os olhos brilharam: um puzzle vintage, com uma ilustração delicada de flores silvestres, tudo em tons suaves e ligeiramente desbotados, como se o tempo tivesse passado por ele devagarinho. “É maravilhoso,” murmurou.
16 de julho de 2025
— Preciso que vás a casa. À gaveta da minha mesinha de cabeceira, do lado direito. Está lá uma bolsinha de pano, antiga… tem uns beija-flores desenhados. Traz-ma amanhã, sim?
9 de julho de 2025
Aquela tote bag que ele tinha preparado com tanto cuidado, carregava muito mais do que comida ou toalhas. Carregava o carinho dele, a paciência, a vontade de me fazer lembrar que nem todos os dias maus duram para sempre.
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