A mudança é a única constante na vida


Olá, eu sou a Maria, uma recém-licenciada que sempre dedicou a sua vida aos estudos. Desde pequena, foi-me imposto seguir os passos dos meus pais. Com esforço, consegui licenciar-me em Ciências Farmacêuticas e, posteriormente, concluir o mestrado em Farmacologia. No entanto, o sentimento de felicidade que deveria acompanhar a conclusão do meu percurso académico não se concretizou; pelo contrário, sentia-me perdida, sem saber que rumo tomar. Aquele diploma, que antes parecia ser a chave que abriria todas as portas, tornara-se agora um fardo pesado que eu tinha de carregar.


Como era esperado, comecei a trabalhar na farmácia dos meus pais, um emprego que mantinha a minha mente ocupada, mas o coração fechado. Dias tornaram-se semanas, que se transformaram em meses, numa sequência constante de dias monótonos, durante os quais me questionava constantemente sobre o meu futuro.


Numa noite, igual a todas as outras, fui buscar algo rápido para jantar depois do meu turno. Cheguei a casa e apenas deixei-me afundar no sofá da sala, tentando descansar. Os meus olhos vaguearam pelas paredes da sala onde cresci, quando o meu olhar fixou num quadro que há muito estava lá pendurado. Era um puzzle que a minha mãe montara há anos atrás, representando a encantadora cidade de Paris, com a Torre Eiffel ao fundo e as suas charmosas ruas em destaque. Aquela imagem, que sempre estivera ali na nossa sala, de repente despertou algo em mim. Fui invadida por memórias de quando era criança e admirava aquele quadro, imaginando como seria caminhar por aquelas ruas, sentir o cheiro das pastelarias e ouvir as conversas em francês.


Naquele momento, fez-se o "clique". Porque não arriscar? Porque não viver uma nova experiência? Porque não recomeçar? Sou jovem, estou na idade de me aventurar, de errar, de descobrir o que gosto, de lutar por mim e pela minha felicidade.

Peguei no telemóvel e comecei a procurar. Depois de algumas horas a fazer scroll - um curso de culinária francesa chamou a minha atenção. Pensei: “se é para mudar, então que seja para algo completamente diferente!”. Sem pensar, peguei nas economias que tinha juntado, comprei a viagem e inscrevi-me no curso.


Foi com lágrimas nos olhos que contei a novidade aos meus pais, apesar do grande entusiasmo que sentia no meu coração. Foi difícil. Estou programada para agradá-los constantemente e “sem questões”. Mas sou adulta e tenho de ser eu a tomar as minhas decisões, mesmo que, na perspetiva deles, não seja o caminho ideal a seguir.


Ao chegar a Paris, fui recebida por uma cidade vibrante, cheia de vida e de arte. As primeiras semanas foram dedicadas a resolver questões burocráticas e a conhecer a cidade. Comecei o curso de culinária e arranjei um emprego temporário num café, onde aproveitava para aprender a língua e conhecer pessoas de diferentes lugares. As minhas manhãs eram preenchidas por pessoas e as suas histórias, acompanhadas por um croissant e um café forte, enquanto os finais de tarde se completavam com caminhadas sem rumo pelos bairros históricos, visitas a museus e leituras nos românticos jardins.


A minha vida estava mais leve, preenchida por uma sensação de liberdade e realização que nunca tinha experimentado antes. Percebi que gostava de estar em contacto com as pessoas, de ouvir as suas histórias e, sobretudo, de criar e expressar-me através da culinária. Paris revelou o meu maior talento, cozinhar, e mostrou-me que a vida não precisa de seguir uma linha reta. Aprendi uma grande lição: as descobertas mais significativas surgem nos momentos de incerteza, quando tomamos as decisões mais ousadas.


Após um ano, tudo mudou… e pensar que tudo começou com um simples puzzle pendurado na parede, que me relembrou que a vida é cheia de possibilidades, bastando estar disposta a arriscar. Voltei para casa com a certeza de que, mesmo que me volte a perder, há sempre um caminho a seguir – só preciso de ter coragem para o procurar.


Deveremos ter medo de mudar?


Sentir medo da mudança é uma reação natural e completamente normal, pois envolve sair da zona de conforto, enfrentar o desconhecido e lidar com a incerteza. No entanto, o medo não deve ser um obstáculo à mudança, mas sim um sentimento a ser reconhecido, gerido e superado.


Aqui ficam algumas reflexões sobre as oportunidades que podem advir de uma situação de mudança:


Crescimento e aprendizagem:

A mudança é essencial para o nosso crescimento em todos os níveis. Oferece-nos novas oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem, tirando-nos da estagnação.


Superação do medo:

O medo da mudança pode ser superado com preparação e planeamento. Informar-se, definir objetivos claros e começar com pequenos passos pode ajudar a reduzir a incerteza e tornar o processo menos assustador.


Enfrentar o desconforto:

O desconforto sentido ao mudar é temporário. Muitas vezes, após a mudança, percebemos que os receios eram exagerados ou infundados. Recordar experiências passadas, em que a mudança trouxe resultados positivos, pode ajudar a encarar novos desafios com mais facilidade.


Oportunidades únicas:

Ao decidirmos mudar, abrimos portas para oportunidades que talvez nunca tivéssemos considerado. O que inicialmente pode parecer um risco pode, afinal, revelar-se uma excelente decisão.


Embora seja perfeitamente normal ter medo de mudar, é importante não permitir que esse medo paralise as suas ações. Encare as mudanças na sua vida como oportunidades, e não como ameaças, e verá que será recompensada com novas experiências, crescimento pessoal e boas memórias.


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