Na imperfeição existe perfeição!

O carro seguia devagar por aquela estrada rodeada de pinheiros. Eu encostava a cabeça ao vidro, a tentar não pensar demais, mas o calor e o silêncio dentro do carro só aumentavam o turbilhão de pensamentos na minha cabeça. O meu pai conduzia concentrado pelas curvas apertadas, enquanto a minha mãe lia um livro, quieta.
Era bom finalmente deixar a cidade para passar uns dias no campo, mas sentia que não ia conseguia relaxar. O resultado dos exames nacionais estava quase a sair, e eu não parava de pensar neles. Será que vou conseguir? Será que as minhas notas chegam para a faculdade que quero? A pressão parecia esmagadora, e eu sentia que já tinha falhado antes mesmo de saber o resultado.
Quando chegámos, o calor de verão fazia-se sentir intensamente, assim como o sossego daquele lugar. A casa era simples, branca com janelas azuis, e no jardim havia uma mesa de madeira com dois banquinhos.
Nos primeiros dias, tudo me parecia estranho. Por mais que tentasse, não conseguia desligar da ansiedade que me acompanhava há semanas.
Numa tarde quente, depois de mais um dia a tentar afastar os pensamentos dos exames, a minha mãe veio fazer-me companhia no jardim, trazendo duas canecas com chá frio e sentou-se ao meu lado. Ficámos ali, no silêncio que só o verão sabe dar, enquanto eu passava os dedos pelos desenhos impressos na cerâmica, numa tentativa de afastar os pensamentos, memorizando cada traço.
— Tens estado um pouco distante, Matilde — começou ela, com voz suave, olhando-me por cima da sua caneca. — Queres contar-me o que te anda a preocupar?
Hesitei, desviando o olhar para o chá dentro da caneca. Finalmente, deixei as palavras saírem, sem conseguir controlar.
— Mãe, sinto-me completamente perdida. Não consigo parar de pensar nos exames. É como se estivesse a afundar e não houvesse forma de sair da água. Tenho tanto medo de não ter nota suficiente para entrar na faculdade que quero… e não é só isso. Tenho medo de falhar convosco, de não ser a filha que esperam, a menina perfeita.
Ela não disse nada, só me olhou com calma, encorajando-me a continuar.
— Às vezes sinto que tenho que ser perfeita para compensar tudo o que fizeram por mim. Que, se eu errar, tudo desmorona. E isso deixa-me cansada, exausta... Parece que não consigo respirar. À noite, acordo cheia de ansiedade, com o coração a disparar, e não sei como desligar estes pensamentos. Sinto que me estou a perder a mim própria no meio de tudo isto.
Segurei a caneca, sentindo o frio da cerâmica contra a pele quente dos meus dedos.
— E há outra coisa que me atormenta — continuei, quase num sussurro. — Não sei se quero mesmo aquilo que todos esperam que eu queira. Tenho medo de vos desiludir se escolher outro caminho, mas tenho medo de me desiludir se continuar assim.
Ela respirou fundo e segurou a minha mão.
— Matilde, se em algum momento te fiz sentir que tinhas de ser perfeita ou que esperava demais de ti, peço desculpa. Nunca quis que te sentisses assim. Sabes, eu própria já estive nesse lugar de medo e insegurança.
— Tu? — perguntei, com a voz hesitante. — Como foi para ti? Também sentiste que tinhas que ser perfeita?
— Sim, senti isso durante muito tempo. Quando tinha a tua idade, achava que tinha de corresponder a tudo — na escola, na família, nas amizades. E se falhasse, pensava que não seria suficiente. Sentia-me sozinha, como se ninguém percebesse o que se passava dentro de mim.
— E como lidaste com isso? Como encontraste a paz?
— Foi um processo. Levei tempo a perceber que a perfeição não existe e que o que realmente importa é encontrar o que nos faz felizes. Também aprendi que não precisamos de ter tudo controlado para sermos suficientes. Aprendi a ser mais gentil comigo mesma, e a aceitar que está tudo bem em não saber sempre o que fazer.
Olhei para a caneca nas minhas mãos e senti uma ligação com as palavras dela.
— Então achas que também posso aprender isso? A aceitar-me com os meus medos e dúvidas?
— Claro que sim, Matilde. Tu és mais do que as notas, mais do que as expectativas. És uma pessoa única, com uma história que ainda estás a escrever. E nós estaremos sempre aqui, para te apoiar, independentemente do caminho que escolheres.
Senti o nó no peito a aliviar-se, a ansiedade a perder força, substituída por uma calma súbita.
— Obrigada, mãe — disse, sorrindo. — É bom saber que não estou sozinha e que tu também tiveste esses medos.
Ela sorriu de volta, e ficámos ali, juntas, debaixo da sombra das árvores a conversar enquanto o peso que se sentia nos ombros se dissipava.
Canecas Cavallini
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Ideais para o café da manhã ou para um chá ao fim da tarde, combinam autenticidade com bom gosto. A coleção inclui temas variados, como botânica, vida selvagem e artes clássicas, todos impressos com cuidado para garantir beleza e durabilidade.
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