Asas para voar

Quando fiz a inscrição para este estágio nunca pensei que ia obter uma resposta, por isso, quando vi o e-mail da “GreenDesign – Canada” na minha caixa de entrada, o meu coração começou a bater descompassado. Abri-o com as mãos a tremer.
“Cara Leonor, temos o prazer de a informar que foi selecionada para o nosso programa internacional de estágio.”
O GreenDesign era o estúdio onde sempre sonhara trabalhar, um espaço conhecido pelos seus projetos sustentáveis, jardins verticais e arquitetura ecológica. Era o tipo de lugar que eu mencionava em todas as entrevistas e trabalhos da universidade.
E agora… queriam-me lá.
Deveria estar a pular de alegria, mas o que senti foi um nó no estômago. Canadá. Outro continente, outra língua, outro clima. E eu, que nunca vivi sozinha, mal sei cuidar de mim e ainda telefono à minha mãe por tudo e por nada…
Sentei-me à beira da cama, o e-mail aberto no portátil, e senti-me pequenina diante do mundo.
Acabei por descer à cozinha. A minha mãe estava a cortar legumes para a sopa, com a TV ligada baixinha.
— Mãe… — disse, hesitante. — Aconteceu uma coisa.
Ela levantou os olhos, curiosa. — Boa ou má?
— Boa… acho eu. — Suspirei. — Fui aceite no estágio. Aquele… o do Canadá.
A faca parou no ar. Ela abriu um sorriso.
— A sério? Leonor, que orgulho! Eu sabia que ias conseguir!
Sentei-me à mesa, a mexer no pano de cozinha que ali estava.
— Pois… mas não sei se vou.
— Como assim? — perguntou, franzindo o sobrolho.
— Tenho medo, mãe. É tão longe. E se eu não me adaptar? E se me sentir sozinha? Nunca vivi fora de casa, muito menos noutro país…
Ela pousou a faca, limpou as mãos ao avental e veio sentar-se ao meu lado.
— O medo é normal, filha. Significa que te importas, mas não podes deixar que ele te impeça de viver.
— E se eu não me souber desenrascar? — perguntei, a voz a tremer.
— Então aprendes e recomeças. É assim que se cresce. Às vezes temos de sair da nossa zona de conforto para aprendermos a voar. — Sorriu e acrescentou, com ternura: — E lembra-te: por muitas voltas que dês, vais ter sempre aqui o teu ninho.
Ficámos em silêncio uns instantes. O cheiro da sopa começou a encher a cozinha, quente e familiar.
Naquele momento, percebi que tinha mesmo de fazer aquilo por mim, ou iria me arrepender por não ter tentado. No fundo, o que me faltava não era vontade, era coragem.
Na manhã seguinte, respondi ao e-mail: aceitava o estágio.
As semanas seguintes passaram a correr. Tratei do passaporte, do visto, do seguro, das mil e uma burocracias que ninguém nos ensina a fazer. E depois, comecei a fazer a mala.
Na véspera da viagem, enquanto tentava fechá-la, a minha mãe entrou no quarto com um pequeno embrulho nas mãos.
— Tenho algo para ti. — disse.
Estendi as mãos e ela entregou-me uma
bolsa vintage, com o fecho dourado ligeiramente gasto.
— Era minha — contou. — Usei-a quando fui estudar para Lisboa, antes de te ter. Pensei que te podia dar sorte.
Abri-a com cuidado. Cheirava a tempo e a perfume dela.
— É linda.
— Lá dentro deixei-te uma coisinha — disse, com um sorriso cúmplice. — Uma carta. Para leres quando sentires saudades.
Fiquei sem palavras. Abracei-a com força.
— Obrigada, mãe.
— Agora vai. Vive. Aprende. E não te esqueças: as asas são tuas.
Hoje, escrevo estas palavras do meu pequeno quarto em Toronto. Lá fora está a nevar. Os flocos colam-se à janela, e a cidade parece feita de luz e silêncio.
O estágio começou há uma semana, os meus colegas são simpáticos, o trabalho é exigente, e todos os dias sinto que estou a aprender mais sobre mim do que sobre design.
Mas esta noite, depois de um dia difícil, peguei na
bolsa que a mãe me deu. Abri o fecho devagar e tirei a carta.
O papel estava dobrado com cuidado.
“Filha, se estás a ler isto, é porque o mundo já te chamou.
Vais ter dias bons e dias em que vais querer voltar. Mas lembra-te: o medo é apenas o início da coragem.
Tudo o que precisas, já levas contigo, está em ti.
Quando sentires saudades, fecha os olhos e lembra-te: o meu amor viaja contigo.”
Chorei. E, pela primeira vez desde que cheguei, senti-me leve.
Aquela pequena
bolsa vintage, tão simples, trazia o peso certo do que deixei para trás e a força do que levo comigo.
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