Fragmentos da infância


Quando era criança, tinha uma vizinha da minha idade. Chamava-se Mariana e parecia que não havia nada que nos separasse. Depois das aulas, corríamos sempre para o jardim, a brincar às escondidas entre as árvores e os arbustos, rindo tanto que às vezes nem dávamos conta do tempo a passar. Nos fins de semana, íamos apanhar flores silvestres no campo, colecionando margaridas, papoilas e campânulas, e enchíamos os nossos bolsos e cestos com cores e cheiros que só a infância consegue apreciar.

Mas não era só lá fora que a nossa amizade florescia. Dentro de casa, tudo se tornava uma aventura. Brincávamos aos pais e às mães no quarto dela, usando roupas e lenços, imitando vozes e gestos que víamos em casa dos nossos próprios pais. Deitávamo-nos no tapete arco-íris do quarto dela, a rir, a imaginar vidas que nunca viveríamos, a contar segredos que ninguém mais podia ouvir.

Na sala, sentávamo-nos em frente à televisão, partilhando o sofá pequeno, a dividir o olhar sobre desenhos animados e programas que nos faziam rir ou chorar. E na cozinha, transformávamo-nos em chefes de pastelaria: misturávamos farinha e açúcar, quebrávamos ovos com cuidado (ou sem cuidado nenhum), e sentíamo-nos orgulhosas quando finalmente tirávamos bolinhos do forno, ainda quentes e cheirosos, para devorar. Cada canto daquela casa tinha um pedaço da nossa infância: as cadeiras da cozinha, a mesa da sala, o tapete do quarto, até a porta do sótão parecia guardar as nossas aventuras e tropeções.

Um dia, a Mariana convidou-me para ir lanchar a sua casa. Quando cheguei, reparei que a toalha de chá estava estendida sobre a mesa da cozinha, com umas cookies num prato e um bule com chá a fumegar. Ela sentou-se, olhou para mim com aqueles olhos que sempre pareciam guardar segredos, e disse-me que os pais iam emigrar para França, que se iam embora daquela casa. Na altura, não compreendia bem o que isso significava, só senti uma pontada estranha no coração, como se algo fosse desaparecer para sempre.

Mais tarde percebi. Nunca mais entrei naquela casa que me era tão familiar. A Mariana foi vendida a um casal idoso, e a nossa amizade, que parecia inquebrável, acabou por se dissolver como nuvem no céu. Mas lembro-me de cada detalhe: as escadas que levavam ao sótão, onde tantas vezes tropecei e caí, o quadro dos avós pendurado na parede da sala, o tapete arco-íris no quarto dela, e, sobretudo, a toalha de chá com que me serviu aquele lanche, na nossa despedida silenciosa.

Anos mais tarde, caminhando pela cidade, passei por uma loja vintage e, por acaso, reparei numa toalha na montra, era igual à da Mariana, o que me fez lembrar imediatamente daquela tarde de despedida. Todas as memórias vieram à tona, como se nunca tivessem partido. Perguntei-me como estaria a Mariana, como seria a vida dela hoje, e se alguma vez se lembraria de mim com o mesmo carinho com que eu guardo cada momento que vivemos juntas.

Entrei na loja e comprei uma igual para mim, dessa forma, sempre que a olhasse, poderia recuar para aqueles tempos com ela, onde fui tão feliz.

Toalhas de chá Cavallini

Dê um toque especial à sua hora do chá ou a qualquer refeição com as toalhas de chá Cavallini. Com padrões exclusivos retirados dos arquivos da Cavallini, estas toalhas são perfeitas para adicionar cor e sofisticação ao seu momento à mesa. Confecionadas em 100% algodão natural, oferecem uma textura macia e agradável ao toque, além de serem altamente absorventes.

O seu design distintivo confere um charme vintage único, tornando cada refeição ainda mais especial. Estes padrões exclusivos não só decoram o espaço com beleza, como também imprimem um estilo singular à sua cozinha ou sala de jantar.

Para além da estética, são extremamente práticas: cada toalha possui uma alça em sarja de algodão para pendurar facilmente e chega embalada num delicado saco de musselina com cordão, ideal para oferecer como presente ou simplesmente para acrescentar um toque de requinte à sua casa.

Depois de escolher o chá perfeito, a verdadeira dificuldade será decidir qual toalha levar consigo.



10 de setembro de 2025
O nosso primeiro beijo nasceu ali, na cozinha, entre o aroma de vinho branco a evaporar na frigideira, o tilintar distante de uma colher esquecida no balcão, e um avental com cogumelos que parecia ter sido feito de propósito para aquele momento. Foi doce, inesperado e absolutamente inevitável.
3 de setembro de 2025
Ainda hoje guardo aquela caixa metálica, cheia de lápis bonitos, não só como recordação de um objeto útil, mas como símbolo do início de uma nova fase da minha vida.
20 de agosto de 2025
Continuei a minha viagem. Visitei cidades com nomes que nunca tinha ouvido, comi sozinha em esplanadas, andei perdida, dancei numa praça sem música, mergulhei num lago gelado, chorei sozinha num comboio e em cada lugar que me tocou, tirei da mochila um dos postais. Escrevi. Coisas pequenas.
13 de agosto de 2025
Hoje, o caderno da Matilde está guardado na minha mesa de cabeceira. Às vezes abro-o, quando me sinto longe de mim. Quando esqueço quem fui naquele verão. E cada vez que o leio, lembro-me: fomos felizes ali.
6 de agosto de 2025
E, às vezes, ainda volto a abrir a caixa onde guardei as notas aderentes daquele verão. Só para me lembrar do que sou e do que a minha mãe me ensinou, com um gesto simples e um coração cheio.
30 de julho de 2025
Quando me deitei, encontrei um postal debaixo da almofada. Era de um papel espesso, com um toque suave, como os de antigamente, com várias borboletas desenhadas em tons suaves de azul e dourado, quase a esvoaçar para fora da página. Tinha um aspeto antigo, mas lindíssimo, como se tivesse atravessado décadas só para me
23 de julho de 2025
Desfez o laço com uma curiosidade quase infantil e retirou um tubo redondo. Quando viu o que era, os olhos brilharam: um puzzle vintage, com uma ilustração delicada de flores silvestres, tudo em tons suaves e ligeiramente desbotados, como se o tempo tivesse passado por ele devagarinho. “É maravilhoso,” murmurou.
16 de julho de 2025
— Preciso que vás a casa. À gaveta da minha mesinha de cabeceira, do lado direito. Está lá uma bolsinha de pano, antiga… tem uns beija-flores desenhados. Traz-ma amanhã, sim?
9 de julho de 2025
Aquela tote bag que ele tinha preparado com tanto cuidado, carregava muito mais do que comida ou toalhas. Carregava o carinho dele, a paciência, a vontade de me fazer lembrar que nem todos os dias maus duram para sempre.
2 de julho de 2025
Numa tarde quente, depois de mais um dia a tentar afastar os pensamentos dos exames, a minha mãe veio fazer-me companhia no jardim, trazendo duas canecas com chá frio e sentou-se ao meu lado. Ficámos ali, no silêncio que só o verão sabe dar, enquanto eu passava os dedos pelos desenhos impressos na cerâmica.
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