Uma viagem ao centro do ser!

Não foi planeada, mas acabou por acontecer. Dizem que quando não estás à procura é quando mais rápido encontras, mas sem esforço e dedicação não podemos acreditar que nos caia de bandeja nos braços. É um exercício silencioso que envolve foco, sem estar absolutamente focado – por muito contraditório que possa parecer.

Sempre adorei escrever, então, quando decidi largar tudo para me dedicar àquilo que mais gosto. E não foi sacrifício nenhum, pelo menos inicialmente.


Quando um hobbie se torna trabalho é uma experiência algo agridoce, de gratidão e prazer combinado com prazos e obrigações. Entre frases feitas e refeitas, uma publicação no Facebook roubou a minha atenção. Um concurso literário, promovido por um escritor conceituado, cujo o prémio era uma viagem à Coreia do Sul. Pensei - Porque não?

 

Durante umas semanas trabalhei afincadamente nesse texto, escolhendo o melhor enredo, selecionando as palavras mais adequadas. E sem grandes expectativas, submeti-o juntamente com a minha vontade de ganhar a viagem. Quando recebi a notícia que este meu desejo se tinha concretizado, nem quis acreditar! Era como se o gênio do Aladino me tivesse concedido um dos meus 3 desejos. Fiz as malas e lá fui eu e a minha vontade de explorar este país tão desconhecido para mim, mas tão fascinante ao mesmo tempo.


Fiquei hospedada numa aconchegante pensão em Seul, situada numa zona calma e residencial. Essa hospedagem tinha um pátio amplo que desaguava num jardim florido, que permitia, ao fundo, avistar a casa dos vizinhos. Fiz questão de tomar o meu café nesse pátio, em contacto com a natureza, enquanto apreciava com curiosidade a vida quotidiana dos meus vizinhos. Comecei a reparar que, na hora das refeições, eles tinham o costume de compartilhar os pratos entre todos.


Cada membro tinha a sua tigela com sopa ou arroz, mas os acompanhamentos eram colocados no centro da mesa para partilharem entre eles. A mesa era baixa e eles sentavam-se, de pernas cruzadas, à volta da mesma. Achei aquele hábito absolutamente incrível, pois criava uma proximidade e a conexão entre os familiares que era notória. Ao longe, os meus olhos acompanhavam a mãe a trazer cuidadosamente um bule e a colocá-lo sobre uma toalha de chá que chamava à atenção pelas suas bonitas flores. Tudo era harmoniosamente bonito e delicado.


Poderia passar o dia inteiro a observá-los, mas tinha um roteiro para cumprir. Antes de sair, na receção, pedi gentilmente que me escrevessem o nome da rua em coreano, já que podia precisar de indicações para voltar. Estava ansiosa para visitar os palácios reais coreanos, já que Seul abriga cinco grandes palácios construídos durante a Dinastia Joseon (1392-1897), cada um com a sua própria história e características únicas. Comecei por visitar o Palácio Gyeongbokgung, o maior e mais impressionante dos cinco e nem reparei nas horas a passar, tamanho era a grandiosidade dele.


Na hora de voltar para casa apanhei o metro de volta para a hospedagem. Ao sair na estação estava complemente envolvida nos meus pensamentos quando reparo que nada à minha volta era familiar. Devo ter saído do lado errado - pensei eu - mas agora já tinha andado demasiado para voltar para trás e não devo estar assim tão longe da hospedagem. Retiro o papel do bolso com a morada e apresso-me a entrega-lo à primeira pessoa que vem na minha direção, que o recebe. Sem sequer hesitar, pegou no papel, amassou-o e colocou no bolso, achando que eu lhe estava a dar algum flyer. Uma sensação de preocupação tomou conta de mim - a noite já estava a cair e eu não sabia ler os carateres que indicavam os nomes das ruas.


Só havia uma coisa a fazer, seguir a minha intuição. Olhei para cima e reconheci o topo de uma igreja, bem característica, que existia perto da hospedagem. Caminhei alguns minutos naquela direção, na esperança de não estar enganada. Conforme me aproximo começo a reconhecer a rua e, ainda ao longe, vejo a toalha de chá da família que vive ao lado, pendurada no estendal. Quando a vi, senti um alívio tão grande e corri na sua direção, ficando parada, durante uns minutos, a contemplá-la.


O estado de êxtase em que me encontrava, tornou inaudível a voz que, do lado de dentro, ecoava. Quando cai em mim, percebi que essa voz pertencia à mãe, que ao ver-me ali parada, começou a falar comigo em coreano. Não sabia o que dizia, mas a sua expressão doce e o seu sorriso simpático, deram-me a certeza que estaria a ser amável. Respondi em inglês e, para minha surpresa, ela deu continuidade à minha conversa nessa língua, trocando apresentações e primeiras impressões, dando-se uma empatia quase instantemente. 


A conversa veio acompanhada por um convite para me juntar à família para jantar. As refeições têm um significado profundo na cultura coreana, vão muito além do simples ato de comer para nutrir o corpo. Elas são centrais para a vida social, familiar e cultural, refletindo valores como a comunidade, respeito e tradição. Não podia ter tido melhor experiência.


Não foi planeado, mas acabou por acontecer! 



Porque devemos viajar?


Viajar é uma experiência verdadeiramente enriquecedora que impacta positivamente a nossa vida, quer no campo pessoal, profissional e emocional. Dentro dos vários benefícios inerentes à sua prática, viajar oferece-nos a oportunidade de crescer, aprender, criar memórias duradouras, contactar com outras culturas e povos e contribuir significativamente para o nosso desenvolvimento pessoal.


1. Novas perspetivas e visões do mundo

Quando viajamos estamos expostos a diferentes culturas, tradições e estilos de vida, que ampliam positivamente a nossa compreensão, tolerância e empatia em relação ao mundo. Permite-nos enfrentar novas situações e desafios promovendo o nosso crescimento pessoal, tornando-nos mais ágeis, práticos e recetivos. Ajuda-nos também a descobrir novos interesses, como cozinhar pratos de diferentes países, explorar atividades ao ar livre ou envolvermo-nos em práticas culturais únicas.


2. Ampliamos o nosso conhecimento

Ao viajar vamos adquirindo aprendizagens, de forma constante, em relação à geografia, à história, arte, arquitetura dos sítios que visitamos. Ao interagirmos com pessoas de diferentes origens, melhoramos as nossas habilidades linguísticas e de comunicação, o que nos pode levar a aprender uma nova língua. Esta interação pode ainda contribuir para ampliarmos a nossa empatia e compreensão em relação às experiências e desafios dos outros.


3. Desligar da rotina

Sair da rotina diária para explorar novos ambientes e lugares provoca uma sensação de relaxamento, reduzindo significativamente os níveis de stress e ansiedade, promovendo o nosso bem-estar mental. Dá-nos igualmente a oportunidade de nos desconectarmos das responsabilidades diárias e dedicarmos mais tempo a nós mesmos. Esta pausa das responsabilidades diárias permite-nos investir no nosso autocuidado e bem-estar pessoal.


4. Embarcar em novas aventuras

Para aqueles que adoram novas aventuras e momentos de pura diversão, viajar oferece uma oportunidade única para esse efeito. Ao explorarmos novos destinos, experimentamos igualmente novas atividades e mergulhamos a fundo em experiências que nos proporcionam uma fonte significativa de entretenimento e alegria. Cada viagem é uma oportunidade para embarcar numa aventura que pode trazer momentos de diversão e descobertas inesperadas.


29 de outubro de 2025
Desde 1989, a Cavallini & Co. tem vindo a transformar peças do dia-a-dia em autênticas obras de arte com o seu toque vintage e intemporal. Cada puzzle é feito com cartão grosso de alta qualidade, garantindo peças resistentes e um encaixe preciso, porque nada deve comprometer a experiência de quem aceita o desafio das 1
22 de outubro de 2025
Estendi as mãos e ela entregou-me uma bolsa vintage, com o fecho dourado ligeiramente gasto. — Era minha — contou. — Usei-a quando fui estudar para Lisboa, antes de te ter. Pensei que te podia dar sorte. Abri-a com cuidado. Cheirava a tempo e a perfume dela.
15 de outubro de 2025
Hoje, quando caminho até ao ginásio, já não levo só a tote bag, mas também a amizade da Amélia, a capacidade de recomeçar, de me ligar a alguém, de encontrar alegria em coisas simples. As nossas tote bags continuam lá, lado a lado, gastas e iguais, lembrando-nos de que amizade também é um exercício diário, feito de peq
8 de outubro de 2025
De repente, ela ergueu a caneca e riu-se: — Olha, eu sei que não se brinda com canecas... — Mas hoje é exceção! — interrompi, levantando também a minha. Tocámos as canecas com um pequeno tilintar, cúmplices, a rir como duas miúdas. — Ao novo capítulo — disse ela.
1 de outubro de 2025
Um caderno que eu amei, de capa rígida, com umas cores meio desbotadas que hoje chamaria de “vintage”. Nele, eu escrevia tudo: como era o meu dia, as conversas engraçadas com os enfermeiros, os desenhos das plantas que via pela janela e até listas dos meus músicos favoritos, organizados por ordem de preferência.
24 de setembro de 2025
Era como se aquele simples póster fosse uma ponte para o meu passado, para a criança que eu fora, cheia de curiosidade e entusiasmo, sem preocupações para além do recreio e da próxima história que a professora ia ler-nos em voz alta. Pedi à professora para tirarmos uma fotografia juntas, ali mesmo, ao lado do póster.
17 de setembro de 2025
No dia seguinte, depois do trabalho, passei por uma pequena loja de antiguidades no centro da cidade. Entre móveis gastos e livros empoeirados, encontrei o que me pareceu um tesouro: um puzzle vintage do esqueleto humano.. Senti que aquilo podia ser a chave.
10 de setembro de 2025
O nosso primeiro beijo nasceu ali, na cozinha, entre o aroma de vinho branco a evaporar na frigideira, o tilintar distante de uma colher esquecida no balcão, e um avental com cogumelos que parecia ter sido feito de propósito para aquele momento. Foi doce, inesperado e absolutamente inevitável.
3 de setembro de 2025
Ainda hoje guardo aquela caixa metálica, cheia de lápis bonitos, não só como recordação de um objeto útil, mas como símbolo do início de uma nova fase da minha vida.
27 de agosto de 2025
Anos mais tarde, caminhando pela cidade, passei por uma loja vintage e, por acaso, reparei numa toalha na montra, era igual à da Mariana, o que me fez lembrar imediatamente daquela tarde de despedida. Todas as memórias vieram à tona, como se nunca tivessem partido.
Show More